Conversas de cabeceira IV

- Para quê que tu queres aquilo activo?
- Ajuda-me! Sei lá, sinto-me mais em controlo da coisa.
- Achas que se desligares que alguma coisa de ruim acontece? Tudo modifica? Tens assim tanto peso na coisa?
- Acho que muda! E não tem a ver com o peso da minha presença ou não! Acho que vou dar abertura demais, criar ali um espaço onde muita coisa pode acontecer pois não irei estar lá para ver!
- Para controlar, diz antes! Paranóica!
- Será apenas paranóia?
- Viveste tanto tempo sem aquilo e já viste que antes de ti nada acontecia. Porque iria ser diferente agora?
- Porque eu sinto que tudo está a mudar. E se a saudade bate e a conversa surge? Sei lá!
- Se a conversa surgir, acontecerá com ou sem ti ali...
- Era muita lata!
- E quem te disse que já não há conversa mas por outras vias?
- Já pensei nisso e creio que no outro dia tive uma dica!
- Estás a ver? Achas que a tua presença está a travar alguma coisa?
- Em parte...
- Confias?
- Assim, assim! Sim...confio desconfiando!
- E não achas que o melhor mesmo é nem pensares no assunto? Afinal, e como tu já pensaste em outras vezes, depois és tu que estás presente...És tu quem está lá!
- Corpo presente não significa alma presente...
- Pois não. Mas acho que a alma ausente é algo que se vê muito bem. Já aconteceu?
- Não me apercebi, acho que não!
- Não acredito que tenha acontecido. Não há nenhuma obrigação...
- Poderá haver medo...falta de coragem. Isso já aconteceu!
- E achas que está a acontecer de novo?
- Acho. O silêncio...é ele que me diz que devo cuidar-me!
- Então...escuta o silêncio!

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