Reflecção

Existem momentos ou pessoas que, mesmo por uns segundos, fazem-nos pensar, reflectir, questionar.

Ontem à noite, quando regressava a casa, cruzei-me com um invisual. Já me cruzei com vários invisuais pela vida fora mas aquele captou a minha atenção porque fez-me pensar. Lá ia ele, sozinho, de mochila as costas e munido da sua bengala de um lado para o outro. Era de noite e por isso o primeiro pensamento que tive foi do perigo dele andar sozinho, mesmo que para ele seja sempre escuro, ou pelo menos mais escuro, dependendo do grau de cegueira.

Eu sou uma pessoa com vários receios, muitos mesmos, e dei por mim a pensar como grande parte dos meus receios soavam tão ridículos perante aquela situação. Aquele homem vive no escuro, guia-se pelos restantes sentidos e continua a sua caminhada. Eu, que vejo, que não preciso de pensar quantos passos são precisos para chegar a determinado ponto, que sei perfeitamente onde estou e como ir para outro lado sem barreiras, sou a primeira a colocar-me obstaculos por medo, por receio, por pensar não ser capaz, por não querer! Como seria se fosse eu naquela situação? Será que eu seria capaz de enfrentar o mundo de olhos fechados quando de olhos tão abertos ele parece-me tão assustador? Ou ser invisual tem a vantagem de fazer-nos viver na ignorância da fealdade do mundo e das pessoas e por isso torna-nos mais capazes de enfrenta-lo?

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