Eu vi-me (do verbo ver, nada de confusões maldosas)

Passada a estupidez do título eis o que interessa-me escrever.
Creio que só no outro dia tive um momento ah ah! - sobre mim mesma. 
Não pretendo escrever um comentário egocêntrico e convencido, nada disso, apenas uma partilha de algo que para mim significa muito, significa uma tomada de consciência que já precisava ter tido há mais tempo.
Eu tenho espelhos em casa, eu visto-me a olhar para o espelho, arranjo-me a olhar para um e sei quem sou, como sou. Ver-me de forma consciente, digamos assim, não traz nada de novo. Já há muito tempo que não olhava-me de uma forma 'inconsciente', ou, como poderei explicar-me melhor, com olhos exteriores a mim, que podem analisar-me de maneira imparcial na medida do possível.
Ia eu na rua quando, ao atravessar a estrada, vejo o meu reflexo numa montra de uma loja. Gostei do que vi naqueles segundos em que percebi que era eu ali reflectida. Vi uma mulher interessante, segura no seu andar, na sua postura, alguém que caminhava e sabia para onde, sem dúvidas e receios. Admirei-me por ser eu. Recordei quase que de imediato as palavras de um grande amigo meu que, aqui há uns meses, quando nos encontramos para um café, disse-me que tinha ficado a observar-me enquanto dirigia-me a ele e não entendia como uma mulher que conversava tantas inseguranças e receios da vida, que mostrava um lado tão fragilizado nas palavras, caminhava de uma forma tão segura, forte e até mesmo algo empertigada. Naquele momento sorri perante as  palavras dele mas, apesar de terem ecoado e soado bem, não fizeram sentido para mim. Mas no outro dia percebi o que H. queria dizer-me, demorou mas entendi porque vi o mesmo que ele.
Não sabia-me com uma postura tão forte e pensei para mim mesma como, nos últimos tempos, tenho construído na minha mente uma imagem de mim fraca e demasiado sensível. 
Estou errada comigo, tenho feito um enorme erro e por conta disso fechei-me a imensas coisas da vida mas naquele momento ah ah! - tive o que precisava para um wake up call. E aos poucos tenho corrigido esses erros, não por mais ninguém mas por mim, pela mulher que vi reflectida.

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