Por um ponto final no fim
Tenho lido bastantes textos acerca de relacionamentos e infelizmente, tal como desde sempre conheci a blogosfera, a grande maioria dos casos são desgostos de amor. Eu também vim parar à blogosfera pelo mesmo motivo, a enorme necessidade de desabafar, escrever tudo o que vai na alma e dizer todas as caralhadas necessárias para que a angústia fosse embora. Ler todos esses blogs ou passear pelo meu arquivo é muito semelhante mas tem alguns que confesso que me fazem demasiada confusão por não perceber como a dependência humana pode chegar a casos tão sérios.
No entanto consigo entender grande parte das situações que descrevem e depois de uma conversa que tive há uns dias lembrei-me de pontos muito importantes que tomei em consideração aqui há uns anos e como lição de vida. Independentemente da duração de uma relação, pois o tempo de nada dita, devemos sempre ter um período só nosso, seja de luto, de auto-comiseração, de organização de pensamentos ou auto-conhecimento. São tópicos que nunca mais esqueci depois de meter fortemente a pata na poça ao entrar numa nova relação sem ter deixado o coração sarar em condições e mais importante ainda ter tido tempo para mim, para me re-conhecer sozinha no mundo sem a influencia de alguém ao meu lado. Sou da opinião que o tempo que acharmos ser de cura pela dor de ter perdido (ou despachado o outro, porque quem termina também sofre) é o tempo que, sem sabermos, necessitamos para conhecer as nossas forças, as nossas motivações, os nossos pontos fortes e analisar o que aconteceu de errado e corrigir algumas falhas (não todas, tomáramos nós pois acabamos sempre por repetir qualquer coisita).
Não sou de todo fria em relação a este assunto, entendo perfeitamente todas as palavras desgostosas que vou lendo, todas as lágrimas que vão derramando e os imensos "porquês" que insistem em procurar-nos na altura em que mais precisamos é de "comos" - com sair dessa, como levantar a cabeça, como fazer passar a mágoa, como sorrir de novo sem ser para travar as lágrimas. Mas consigo ser bastante distante ao analisar estes casos. Também tive grandes mestres ao meu lado que ao me darem os valentes abanões ensinaram-me algumas coisas importantes.
Apesar de já ter estado nas situações que leio em vários cantinhos e inclusive de ter pessoas amigas que já passaram ou estão a passar pelo mesmo há um ensinamento que é básico: todo o sofrimento tem fim e o tempo é o nosso melhor aliado. E não vale a pena procurar conforto noutra pessoa achando que vamos conseguir esquecer através da substituição. Nada mais errado. Ninguém consegue fazer-nos esquecer outra pessoa, só nós mesmos é que temos a capacidade de fazer da pessoa que já não faz parte da nossa vida uma boa lembrança e metê-la numa caixinha para retomar a nossa vida. Outras pessoas que apareçam durante este processo terão um papel importante de distracção e de manobra de diversão e são fundamentais nesse aspecto mas nunca terão a força suficiente para do exterior organizar a nossa mente por nós e dar fim a uma relação que ainda não terminou. É o mesmo que apaixonarmos-nos por alguém que é comprometido e que termina a relação para ficar connosco. Ou essa pessoa não estava mesmo interessada na pessoa anterior ou então está a enganar-se a ela própria e a pessoa que cativou para si. A nossa mente é como um arquivo e tem de ser organizado como tal e para manter a sanidade mental e a saúde de uma relação devemos sempre guardar todas as pastas no sítio delas para poder abrir novas senão gera-se uma confusão interna que acaba por minar qualquer nova relação que pudesse, noutras circunstâncias, ter pés para andar. E assim grandes pessoas e histórias perdem-se pelo caminho.
Sublinho que esta é uma opinião muito pessoal baseada única e exclusivamente nos ensinamentos que consegui tirar dos relacionamentos que tive. Não vou dizer que belas histórias de amor nasçam assim, não sou céptica a esse ponto, mas mesmo tendo um pouco de romantismo, acredito que até essas histórias, mesmo que nunca pronunciados, tiveram momentos de estados de confusão mental e mesmo de comparação que poderiam ter dado para o torto. Valeu com certeza o sofrer em silêncio...
A todos os que acham que nunca mais serão capazes de voltar a gostar ou amar alguém, que acham que estão no fundo do poço e não terão forças para erguer-se ou que fazem juras e promessas de nunca mais se envolver noutra, desenganem-se. O vosso coração foi feito para amar e de algum jeito ele volta a amar de novo.
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