Saturada

Estou mesmo saturada do meu trabalho e não há volta a dar. Preciso sair daqui urgentemente.
Tenho tentado ver as coisas pela positiva, agradecer o facto de ter trabalho, de ter um ordenado no final do mês e sentir-me de alguma forma útil mas este pensamento não é suficiente para colmatar as falhas enormes que vivo diariamente. Estou mesmo cansada disto, desta rotina, deste trabalho que não desenvolve, que não exige mais de mim e que me deixa num estado de adormecimento mental. Sinto-me de dia para dia morrer lentamente num estado de completa apatia. Tenho por outros meios motivar meu cérebro para não desistir e não entregar-se a esta total insanidade mas estou farta, não consigo. Sinto-me num beco sem saída, enclausurada, perdida, sozinha, sem que ninguém entenda que minha vida não é apenas sorrir e chegar ao final do dia ir ao gym e sair com os amigos. Tem uma parte demasiado importante que está a falhar, que tem sido a maior responsável pelos meus distúrbios, pela minha falta de gosto pela vida, pela minha falta de vontade. Tem alturas que pensar em sair daqui parece-me um sonho mesmo que significasse não ter para onde ir, mas minha responsabilidade não me permite fazer semelhante senão já o teria feito sem pensar duas e três vezes. Se não fosse esta consciência, esta sensação de culpa e medo de desiludir quem gosto, se não fosse receio de sentir-me ainda mais inútil, já teria voado. Queria tanto sentir-me parte de algo...

Comentários

  1. Não deixes de viver a tua vida por causa do que os outros irão pensar!
    As pessoas que gostas e que tens receio de desiludir, na sua juventude também fizeram as suas escolhas! Só têm que aceitar. Se for um erro, que descubras por ti, por teres experimentado! O que eles devem de fazer é estar aí no caso de isso acontecer para te amparar a queda, nunca para te condicionar o salto.
    Vou-te dar o meu exemplo: Estou quase a fazer 30 anos, sou Sr.Engenheiro, a sociedade e familiares estão à espera que começe a constituir família, me individe para comprar casa e carro, etc. Mas este mês irei dar mais um desgosto a essas pessoas todas pois não me está a apetecer isto e vou aproveitar que estou no Algarve para procurar um trabalho nem que seja em algum bar para mudar a rotina.
    Não é a primeira vez que o faço, quando acabei o curso também deixei tudo para trás: amigos, namorada, cidade.
    É a nossa vida, ninguém a pode viver por nós

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  2. Os outros que falo são os meus pais. Não quero ficar dependente deles com esta idade, isso seria demasiado embaraçoso para mim. É nisso que penso. Não quero que eles pensem que falhei pois isso será o que eu pensarei de mim. Mas que dá uma vontade maluca de largar tudo e partir à descoberta isso dá...

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  3. Eu também estava a falar dos meus pais. Eles querem que sejamos "como os outros", que sejamos independentes, tenhamos bens, um bom trabalho, etc, mas no fundo também querem que estejamos felizes!

    Eles podem não entender no início mas depois volta tudo ao normal!

    Depois de 5 anos a portar-me como queriam, na semana em que acabei o curso fui fazer um piercing, fiz um corte de cabelo por eles reprovável e acabei o longo namoro de 6anos com a "nora" preferida deles. Não foi fácil, mas tinha que ser.

    Agora depois de já ter trabalhado em empresas de construção, no estado, ter dinheiro prás minhas coisas, achas que irão entender que o filho não queira continuar essa linha e queira ir trabalhar para um café ou algo desse tipo, fazer teatro e aproveitar a praia? Penso que não.
    Não é falhar, é viver.

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  4. Bem...esse terminar de curso foi uma reviravolta na tua vida!! :D
    Eu entendo perfeitamente a tua linha de pensamento e tem uma grande parte de mim que pensa exactamente o mesmo, até um lado mais rebelde que diz que tem de ser independentemente do que possam pensar e julgar. A outra voz (talvez massacrada pela sociedade, como disseste) reprova-me.
    No fundo,se calhar absorvi o medo que todos impuseram pelo risco de correr riscos... :) Já nem se trata muito de ouvir opiniões alheias, é mesmo aquela estúpida voz que me faz recuar mesmo no momento em que estou a dar o passo.
    Mas tens uma boa filosofia de vida. Obrigada pela partilha. Vou ficar a pensar nisso! :)

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  5. Se ninguém corresse riscos não teríamos descoberto o mundo em barcos de madeira nem seriamos Portugal pois o D.Afonso Henriques não se teria virado contra a mãe! =P
    Se não conseguires mesmo deixar tudo pra trás, ao menos tenta alterar algo por esses lados. Muda a rotina, inscreve-te em alguma actividade, tenta conhecer novas pessoas. Agora viver nessa angústia é que não =)
    E qualquer coisa estás à vontade para falar

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  6. Agora fizeste-me rir! :D Gostei a comparação!
    Eu tenho actividade e vou conhecendo pessoas mas o que realmente quero mudar estou que nem tolo no meio da ponte. :)
    Obrigada pela disponibilidade :)

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  7. O importante é não te desiludires a ti mesma.

    De resto...

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  8. Essa parte agora é corrigir, porque desiludida comigo já estou... ;)

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  9. Silvia Maria, tu tem juizo rapariga. Já experimentaste sonhar após um dia sem comeres...Vais ver que só consegues sonhar com comida... Conheces com certeza a piramide de Maslow...Pois muito bem, a auto-realização está no vertice da piramide. Só depois de preenchidas todas as outras necessidades é que sentimos a necessidade de auto-realização. A tua frustração acaba por ser um sinal de felicidade. É sinal que todas as tuas outras necessidades estão preenchidas...

    O que te aconselho é que continues a sonhar e procures ser feliz. mas fá-lo dando passos segurso. Não troques o certo pelo incerto. E já agora, fazeres os teus Pais felizes não fará parte da tua felicidade? Pensa nisso...

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  10. Compreendo bem esse estado de espírito! Começamos por nos desiludir, depois revoltamo-nos porque queriamos algo diferente, mas não vemos grandes alternativas e vamos ficando...Depois ficamos angustiadas porque já deviamos ter arriscado antes, ali mesmo quando começamos a sentir que não é isto que queremos...mas não saimos do sítio! E vai por ai em diante...

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  11. homem vulgar: mais juízo do que tenho?? Credo! :)
    Apenas por escrever a minha frustração profissional não quer dizer que as outras estejam satisfeitas. É uma questão de prioridades do momento. E sim, dou graças por muitas coisas que tenho neste momento, mas não são suficientes para mim.
    Pensar na felicidade dos meus pais tem sido um dos maiores entraves na minha vida a todos os níveis. Fico contente por vê-los felizes mas falto eu e creio que chegou a minha vez. Se eu estiver bem, eles também vão estar. Se alguma coisa correr mal, pelo menos quero saber que tentei e não fui apenas uma espectadora da minha vida.

    Elisabete: é o comodismo e o conformar-nos. Como sair disso...estou a descobrir. Depois partilho contigo. ;)

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