O turbilhão da mente

"Ouvi dizer que a oração é o acto de falar com Deus ao passo que a meditação é o acto de O ouvir. Tentem adivinhar qual é o mais fácil para mim. Consigo tagarela com Deus sobre os meus sentimentos e os meus problemas durante todo o dia, mas quando é altura de ficar em silêncio e ouvir, bem, isso já é outra história. Quando peço à minha mente para ficar imóvel, é espantosa a rapidez com que fica enfastiada, zangada, deprimida, ansiosa ou tudo isso ao mesmo tempo. Como a maioria dos humanóides tenho o fardo a que os budistas chamam de mente de macaco. Os pensamentos que passam de ramo em ramo parando apenas para se coçar, cuspir e guinchar. A minha mente oscila entre o passado distante e o futuro incognoscível aflorando dezenas de ideias por minuto... Isto em si mesmo não é necessariamente um problema, o problema é a ligação emocional que acompanha o pensamento. Os pensamentos felizes fazem-me feliz mas com rapidez passam outra vez à preocupação obsessiva e ao mau humor. E depois vem a recordação de um momento de raiva e começo a ficar irritada e aborrecida outra vez. Depois, a minha mente decide que talvez seja boa altura para começar a sentir pena de si mesma e a desilusão tão depressa aparece. No fim de contas, somos aquilo que pensamos, as nossas emoções são escravas dos nossos pensamentos e nós somos escravos das nossas emoções."

Elisabeth Gilbert in Comer, Orar e Amar

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