Surpresas, não obrigada.

Surpresas nem sempre são sinónimo de agrado. Creio que, no fundo, por ter tido mais surpresas desagradáveis que agradáveis na minha curta vida, não gosto de recebê-las. A grande maioria são acompanhadas de palpitações, aceleração cardíaca, calores, pânico, etc. Verdade. Lembrei-me de escrever sobre este tema exactamente pelo facto de ver, há uns minutos atrás, algo que despertou em mim todas essas reacções. Fico imediatamente triste quando tal acontece. As surpresas, por serem do nosso desconhecimento e assim designarem-se por supresas, óbvio, vão mexer com demasiadas coisas, demasiados medos e receios. Provavelmente meu trauma faz-me não gostar minimamente que me surpreendam mas também raramente surpreendem-me pela positiva.
Odeio quando coisas deste género acontecem. Quando pacificamente estamos a viver a nossa vida, a descontrair e até a matar alguma saudade e levamos assim com quatro estaladas nos olhos com algo que não queremos ver, não queremos saber, dispensavamos completamente e até agradecemos ficar na ignorância se isso fizer-nos mal. As surpresas levam-nos a sentir coisas que não queremos sentir, a vivenciar experiências que fogem do nosso controlo e que estão no controlo de outrem. Não aprecio nada que situações, palavras, imagens, pessoas surjam do nada e abalem com o meu mundo sem aviso prévio. Não gosto.
Talvez por isto, tem alturas que penso que estar no meu canto é uma ressalva. Quando lá estou não sinto nada destas coisas, estou protegida, não me sujeito a determinadas vivências e maus sentimentos que só servem para estragar o dia, para nos fazer cismar, para nos mexer com o pensamento, com os projectos, com os sentimentos.
Não gosto de surpresas, são más.
Provavelmente grande parte das pessoas quando pensa em surpresas pensa imediatamente em algo agradável, situações de sorrisos e carinho, momentos de paixão e cumplicidade. Provavelmente não entenderá porque penso na surpresa como algo demasiado repugnante e completamente dispensável. E é dispensável. Mas infelizmente para mim as surpresas desagradáveis são uma constante, como se fizessem parte do meu karma, como se estivessem sempre à espreita para me lembrar que não devo tapar os meus olhos ou colocar as mãos no fogo, que não posso correr riscos e que a vida, as partes que também dependem de outras pessoas, deverão ser bem analisadas.
Não me surpreendam pois não vou gostar, pois provavelmente irão magoar-me, irritar-me, fazer-me pensar no que não devo, no que não quero e destabilizar a minha paz de espírito. E a melhor forma de não me surpreenderam desta forma é nunca me esconderem seja o que for, por qualquer razão e colocar-me sempre a par de tudo o que é suposto saber de modo a que, quando algo acontecer, interiormente eu já esteja preparada para receber, para ver e sentir ou, antes mesmo disso, pensar se inclusivé estou disposta a vivê-lo e assim ter a opção se quero ou não estar presente.

Comentários

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  2. Li com atenção o teu post. Eu que também não gosto muito de surpresas penso que estás a misturar algumas coisas, não digo isto como crítica, digo isto perante a minha prespectiva de "surpresa".
    Não gosto de surpresas pela razão que descreves no início "palpitações, aceleração cardíaca, calores, pânico", basicamente o descontrolo ou falta de controlo perante a situação, mas refiro-me às surpresas positivas.
    Já quando falas de surpresas negativas há algo que me deixa na dúvida... algo que não estás a espera de ver mas que não foi planeado por ninguém, tu consideras uma surpresa? Eu acho que é um acaso, mesmo que tal nos deixe "surpresos"...
    Desculpa o comentário longo mas gostei do tema e concordo com a maioria do que escreveste.

    :)

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  3. Para mim tudo o que nos deixe surpresos é surpresa. Pode não ter sido planeado por ninguém mas esse ninguém sabe que existe e não informa por qualquer razão dando oportunidade à surpresa acontecer. Isso é o que exprimo no post.
    Mas, indo de encontro ao teu raciocínio, se te cruzares com alguém na rua que já não vias há muito tempo e exclamas "que surpresa!", - sabes que não foi planeado por ninguem, foi o acaso, mas não deixou de ser surpresa. Os sintomas físicos que sinto são sempre resultado de uma coisa má. Quando a surpresa é boa não sinto o que descrevo. Se há pânico então a coisa não é mesmo nada boa!
    E podes escrever à vontade! :)

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  4. Adorei este omplutmento ao post! :)
    Concordo mesmo com a maioria das coisas que descreves a única diferença reside em eu sentir esses sintomas mesmo nas surpresas positivas, principalmente se envolverem mais do que uma pessoa, coisas do estilo festas surpresa... ;)

    Beijinho

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  5. O que sentes, apesar de muita semelhanças com o pânico, é a euforia. Isso também gosto de sentir!

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  6. É a vida... está cheia de surpresas e imprevistos... Temos que ser forte e saber gerir emoções para que não sejam mais fortes que nós, quando são más!

    xoxo
    Lux

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