Corrida 24 horas barreiras

Os desafios são muitos em apenas 24 horas.
Talvez nos habituamos demais aos queixumes de que os dias são todos iguais até não tomarmos mais consciência de que todos eles são diferentes, à sua maneira, nós é que os olhamos sempre com os mesmos olhos, no meu caso, de saturação.
Tenho 24 horas para fazer da minha existência algo útil para mim. Consciente de que quase dez horas do meu dia são passadas ligadas ao trabalho e cerca de sete horas são para dormir, não sobra muito tempo para dar ao meu dia aquele toque especial de que valeu a pena. Acaba sempre por ser mais um dia que deixei passar porque a falta de tempo, considero eu erradamente, assim o ditou. No dia a seguir a saga recomeça e mais um queixume, aquele que tem haver com o que planeei fazer no dia anterior mas que o tempo marcado pelo meu relógio interno disse que seria difícil de fazer.
Ler um livro, ouvir música, ginasticar mais, ir tomar um café, bricolage, passear...raios, como se gere isto tudo em meia dúzia de horas conseguindo tirar prazer do que se está a fazer?
Ah, já sei, a partir de agora vais começar a despertar mais cedo e a fazer render mais o teu dia. Dormes menos, sabes que não precisas de assim tantas horas deitada, inerte, a babar. Pois, parece-me bem, antes de deitar. Gostava de saber para onde vai essa força de vontade quando o despertador toca no dia seguinte. Mando tudo à fava e se puder ficar até o queimar da hora, eu fico.
Pronto, vamos tirar partido do tempo que sobra desde que sais do trabalho até pelo menos, vá, 1h da manhã. Estabeleci um deadline, fica mais fácil. Tabelei o meu tempo e de x a x horas estou livre, para mim e para o que me der na gana. Pois, também parece-me muito bem mas também não entendo porque o tempo arrasta-se quando estou a trabalhar e a partir do momento em que canto o hino da liberdade parece a corrida contra o relógio. 
Faz algum sentido viver assim? Será que a vida das outras pessoas também é pautada por um timming tão apertado? Ou sou apenas eu a vítima do meu tempo, do meu stress auto-infligido?
A viver assim ficarei velha muito rapidamente. Aborrece-me chegar ao final do dia e aperceber-me que tanto esforço não resultou em praticamente nada, não há muitos frutos a serem colhidos e o que me rodeia está igual, não há uma melhoria por mais pequena que seja. 
Tudo isto gera um sentimento de insatisfação e de frustração que nos desilude. É normal que demos por nós a fazer comparações de vida e secretamente até a desdenhar a vida alheia porque as 24 horas daquela pessoa parecem bem mais proveitosas que as minhas. Pelo menos vejo resultados. Ou será que simplesmente deixei de ver o interesse na minha vida e as outras pessoas pensam o mesmo que eu em relação a mim?

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