Amigos
Não gostava de contar pelos dedos de uma mão a quantidade de bons amigos que tenho. Na realidade, os bons mesmo nem uma mão preenchem. Sim, é solitário, principalmente quando queremos partilhar alegrias e olhamos em redor e não vemos ninguém, ou quando queremos tirar duvidas, pedir conselhos e a forma mais fácil de o fazer é sentar na cama, no silêncio e questionarmo-nos a nós mesmos.
Porque estas coisas acontecem? Não sei. Talvez seja mesmo verdade quando dizem que, à medida que a idade passa, o número de amigos diminui por força das circustâncias e só ficam mesmo aqueles mais fortes, os que ainda nos aguentam, nos aturam, que gostam de nós mesmo pelo mau-feitio mas principalmente pela satisfação que dá ter-nos nas suas vidas.
Tem dias que gostava que fosse diferente, tudo mais como eu pensei que fosse, como, ilusão ou não, acreditei que fosse mas confesso que enquanto ouver esta pequena nódoa negra no meu peito, fica difícil acreditar.
Tem dias em que recordo-me com perfeição dos meus tempos de criança, altura em que perto de casa tinha apenas uma amiga. Eramos cola, nunca nos largavamos. Lembro-me como era engraçado quando ela vinha tocar à minha campainha e pedia à minha mãe para eu ir brincar com ela: "a Sílvia pode vir brincar comigo?" - lembro-me como se tivesse sido ontem. Creio que já não deve existir este costume entre os miúdos. Mas era engraçado. Hoje tudo é diferente. Os amigos são amigos por outros motivos, por coisas mais superficiais que se perdem facilmente. Talvez seja este o curso normal de tudo e que, realmente, as pessoas passam na nossa vida e nela permanecem o tempo necessário para o ensinamento, e depois de concluido seguem viagem levando com eles o nosso ensinamento. Talvez seja uma forma romantica de ver o relacionamento humano e tentar transforma-lo em algo mais simbólico, mais apreciável, mais valorizável. Se calhar também é uma forma de diminuir a nódoa negra e aceitar que tem relações cujo objectivo é mesmo falhar.
E por isso, aos que passaram e foram, obrigada pelo contributo na minha vida por menor ou maior que tenha sido, pelas coisas boas e até mesmo pela nódoa negra que está aqui para me lembrar que sou humana.
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ResponderEliminarSei bem qual é a sensação, quando queremos muito dividir algo, uma sensação, uma dúvida, algo que nos faz muito felizes ou tristes e olhamos para o lado e damos com vários conhecidos mas nenhum amigo daqueles mais íntimos, com quem gostariamos de partilhar. Podem ser os tempos modernos, ilusões de quem vê a vida de forma romântica e ainda acredita em sonhos, mas os amigos mesmo amigos equivalem hoje a tesouros raros. A vida parece cada vez mais um lugar cheio de gente mas onde nos sentimos cada vez mais solitários. Mas eles existem, é preciso é sorte para os encontrar. Bjs.
ResponderEliminarconheço demasiado bem a situação. as poucas amigas revelaram-se onde eu menos esperava. e onde contava que elas existissem apercebi-me que andava errada!
ResponderEliminarJoão: também tenho bastantes saudades desses tempos. E tens razão, tanta tecnologia e as pessoas cada vez mais afastadas. Não teres nada para dizer até acho normal, as aventuras e os convívios são cada vez menos que não se constroem histórias para contar.
ResponderEliminarMiguel: tesouros raros, é isso mesmo. Concordo quando dizes que sentimo-nos cada vez mais solitários. É exactamente isso que sinto...infelizmente.
Ju: desilusões! Pelo menos também ficas a conhecer quem vale mesmo a pena! :)
sim, com o tempo apercebemo-nos que nem todos os que pensávamos, são efectivamente nossos amigos.
ResponderEliminarOs meus também se contam pelos dedos, mas os que tenho, são bons, e isso, é o principal...
xoxo
Lux
Nunca ouvi dizer que à medida que a idade passa os amigos diminuem mas, sim é verdade.
ResponderEliminarGostei mto do teu post, quando eu era miuda também tinha uma amiga muito próxima e era tipo cola.
Ela vinha a minha casa e pedia á minha mãe para eu ir brincar a casa dela e vice-versa. Queria que ela dormisse em minha casa para passarmos a noite na brincadeira.
A verdade é que eramos assim na altura, agora falamos mas comos distantes. Quando tenho algo a partilhar não é a ela que corro para o fazer... É triste. E tenho pena. Quando penso no que passamos juntas, sinto saudades e até mesmo um vazio...
Desde que começou a namorar e depois casou ficou mais distante e eu só tenho que respeitar.
Lux: fico feliz por sabe-lo. Os que tenho também são bons mas tem alguns que se foram embora e eu não queria que tivessem ido...
ResponderEliminarJulie: dormir em casa das amigas nunca o fiz mas eramos bastante colantes, o dia todo sempre juntas a brincar, sem cansar. A vida trata de afastar as pessoas e ficam apenas as memorias. É esperar que o tempo nos traga tão bons amigos quanto os que tivemos em criança! ;)
Belo texto! :)
ResponderEliminarObrigada :)
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