Conversas de cabeceira VI
-Pára!
-O quê?
-Pára, simplesmente pára!
-O quê?!? O que queres que eu pare? O que é que estou a fazer?!?
- Essa tortura do vai mas não vai, quero mas não quero, estou mas não estou! Deixas-me...piurça!!
-Hmmm...creio que essa palavra não existe...!
-AAAAHHH! Que nervos! Não me interessa se existe ou não, só quero que pares! É pedir muito?
-Mas como páro uma coisa que não sei que faço? Estou confuso!
-Por favor, o inocente para cima de mim não, nunca! Não tenho idade, paciência nem ingenuidade para isso.
-Olha, não sei...nem sei se devo ficar ofendido por isto...!
-Não quero saber. Só quero mesmo que pares, que tenhas noção que não sou um boneco, que penso, sinto, existo, tenho emoções...e essa treta toda!
-Eu sei...não te trato como um boneco!
-Tratas! De uma forma subtil mas tratas. Pensas tu que estás a tratar-me bem mas não.
-O que faço?
-Esqueces-te que não nasci ontem, que sei como funciona a dinâmica das coisas, da vida, do comportamento humano. Não estive isolada estes anos anos! Sei perfeitamente o que são pessoas que brincam, que gozam, que manipulam, que fazem sofrer...e também sei as pessoas que gostam, que dão carinho, amizade e amor.
-Certo! Eu sei que sabes...em qual deles é que me encaixo?
-Nos manipuladores...
-Hmmm...isso não é bom!
-Não! E por isso é que te peço que pares...por favor. Esse jogo mental de me levar a crer, de me levar a acreditar para depois puxares o tapete de novo...não faças isso. Não quero mais.
-Queres que te deixe?
-É essa a única opção? Só sabes ou ser manipulador ou inexistente?
-Eu nem sabia que era manipulador...!! Como posso corrigir algo que não sei que faço?
-Coloca-te mais vezes no lugar do outro antes de certos comentários, certos olhares, certos momentos e vais ver, vais perceber o que te tento dizer, o que me fazes sentir.
-Se calhar és mesmo tu o problema...
-Como?!?
-E porque não? Porque apontas apenas o dedo? Não serás tu o problema, não terás a mania da perseguição? Ou a mania que estás demasiado traumatizada e que és dona do conhecimento de tudo?
-É uma boa forma de descartar a culpa. Sim, tens razão, o problema sou eu por ter acreditado, essa é a minha culpa!
-Odeio quando és sarcástica! Quem é a vitima agora? O coitadinho?!?
-Deixa lá! Eu, como dona do conhecimento de tudo digo-te que aprendi a valorizar o que realmente tem valor na minha vida e não é lutar por quem não me quer bem ou finge que me quer bem e depois magoa-me. Desisto...
-Tu é que sabes!
-Eu é que sei! Sei de tudo...
Sílvia Maria, essa história dava um livro! :)
ResponderEliminarJá pensei em fazer uma compilação das conversas de cabeceira... a ver! ;)
ResponderEliminarai Sílvia Maria... como eu já vi esta conversa de cabeleira demasiado bem. sem tirar nem por, mulher!
ResponderEliminarÉ um diálogo bastante frequente que às vezes torna-se hábito! :)
ResponderEliminar